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Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança (2)

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Posted by Thoth3126 on 02/05/2020


Postado em Politicamente Incorreto em 16/07/2020 por: Dom Pedro II


Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança.


Uma jornada em busca da Arca da Aliança perdida era uma ideia instigante: um tesouro perdido de valores religioso e histórico — para não mencionar o monetário — imensuráveis, embutido de um poder fantástico. Primeiramente, no entanto, se precisava determinar se o tesouro de fato existia.


Não faria sentido procurar um artefato que fosse apenas um mito. Os incríveis acontecimentos que circundavam a Arca da Aliança certamente pareciam mitológicos. Contudo, nada indicava que o artefato em si fosse algo fictício — talvez somente os relatos do poder da Arca o fossem…



Edição e imagens:


Thoth3126@protonmail.ch


Capítulo II do livro: Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, a descoberta do Tesouro do Rei Salomão, de Graham Phillips, Editora Madras



2. A Arca e a Sagrada Escritura


"E abriu-se no céu o templo de Deus, e a ARCA da sua aliança foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva”. Apocalipse 11:19.


… Provavelmente essas eram alegorias ou lendas religiosas adicionadas a descrições antigas que foram acontecendo com o passar do tempo. O que eu precisava determinar — ao menos para minha própria satisfação — era se havia alguma possibilidade realista de que esse fabuloso baú dourado era uma peça genuína, uma relíquia histórica que, em algum tempo, esteve no Templo de Jerusalém.


Decidi que o melhor lugar para examinar as possíveis referências históricas da Arca era na Biblioteca Nacional de Israel, na zona oeste de Jerusalém. Diferente da Cidade Velha ao redor do Templo do Monte com seus monumentos antigos, a região ocidental de Jerusalém é uma cidade moderna com prédios comercias bem projetados e condomínios residenciais imponentes. Na ala ao extremo sul da Cidade Nova fica o Vale da Cruz, que tem esse nome porque os antigos cristãos acreditavam que nesse lugar cresceu a árvore de onde tiraram a madeira para a cruz usada na crucificação de Jesus. Naquele lugar, além dos exuberantes jardins de rosas repletos de esculturas ao ar livre, fica a Biblioteca Nacional de Israel.


Após consultar apenas alguns livros, rapidamente compreendi que quase tudo o que se sabe a respeito da Arca da Aliança vem daquilo que os cristãos chamam de o Antigo Testamento da Bíblia. A Bíblia, como a conhecemos nos dias de hoje, é uma coleção de textos religiosos e históricos compilados em um único volume pela Igreja Cristã no século IV d.C. Sua origem vem da palavra grega bíblia, que significa “livros” e está dividida em duas seções: o Antigo e o Novo Testamentos. O Novo Testamento é uma coleção de manuscritos puramente cristãos, escritos da metade para o final do século I, que registram a vida e os ensinamentos de Jesus Cristo e seus imediatos sucessores. O Antigo Testamento, porém, é tirado de uma coleção muito mais antiga de manuscritos judeus conhecida como o Tanak. As primeiras cópias do Tanak variam bastante de tamanho, mas incluem vários textos separados, que são chamados de livros — que eram originalmente pergaminhos — que foram pela primeira vez compilados em uma coleção por volta de 400 a.C.


Escritos por diferentes escribas e em períodos diferentes, esses manuscritos hebraicos descrevem a história dos antigos israelitas e judeus, com ênfase em sua fé e relações com Deus. Muitos dos livros do Tanak foram traduzidos para o grego no século III a.C, e foi a partir deles e de traduções novas do hebraico que o Antigo Testamento Latino foi compilado pela Igreja Católica Romana. Essa obra, por sua vez, foi posteriormente traduzida para todos os idiomas do mundo, oferecendo-nos a Bíblia moderna. Hoje, a versão mais amplamente usada em inglês da Bíblia é a tradução de King James, que foi feita para o rei britânico James I no início do ano de 1600 e que inclui trinta e nove dos livros originais do Tanak. Por sorte, a Biblioteca Nacional tinha uma cópia no computador, por isso pude rapidamente encontrar todas as referências à Arca e ler em detalhes sua história extraordinária.


Determinar com certeza, quando muitos dos eventos descritos no Antigo Testamento aconteceram, é muito difícil por não haver datas específicas mencionadas (os autores se baseiam em pontos de referência internos para mostrar a passagem dos anos). No entanto, os acontecimentos começam com a criação do mundo e terminam com a ocupação persa de Judá, sabida por meio de outras fontes que aconteceu durante o século VI a.C. O primeiro livro do Antigo Testamento, o livro do Gênesis, explica a origem dos israelitas. A maioria dos historiadores modernos, porém, consideram seu conteúdo como algo principalmente mitológico ou de parábolas religiosas. Poucos aceitam os relatos do Gênesis como fatos históricos de como Deus criou o mundo em seis dias, como o primeiro homem e a primeira mulher foram Adão e Eva, ou como toda a Terra foi inundada no tempo de Noé.


Muitos também duvidam que toda a nação israelita descendeu de um único homem. (De acordo com o Gênesis, todas as doze tribos israelitas descenderam dos doze filhos de Jacó.

O nome hebreu sagrado de Jacó era Israel — que significa “Deus salva” — e dizem que foi em sua homenagem que seus descendentes foram chamados de israelitas, ou “Filhos de Israel”.) Entretanto, o Gênesis de fato nos fornece alguns dados mais verificáveis, dizendo-nos que Jacó era um Semita, do que hoje é o norte de Israel, e que ele e seus filhos se estabeleceram no Egito em algum momento entre os anos de 1800 e 1700 a.C. Desde então, o Antigo Testamento assume uma postura mais histórica.


O segundo livro, o livro do Êxodo, relata a escravidão dos israelitas e a sua fuga do Egito. De acordo com o Êxodo, cerca de três séculos após o período de Jacó, um faraó sem nome escravizou milhares de israelitas no Egito porque temia seu número cada vez maior. Cerca de cem ou mais anos depois — algo em torno de 1400 e 1300 a.C. — o líder israelita Moisés foi inspirado por Deus a guiar seu povo para a liberdade.


Foi isso que ele fez quando o Egito começou a enfrentar uma série de tumultos com terríveis desastres e pragas que permitiram que os israelitas fugissem para o Deserto de Sinai, uma região enorme ao leste do Mar Vermelho.Essa fuga do Egito é conhecida, não coincidentemente, como o Êxodo. De acordo com o livro do Êxodo, os israelitas ficaram no Deserto de Sinai pelos quarenta anos seguintes, levando uma existência nômade enquanto Moisés revelava a eles as leis de Deus e fundava a religião hebraica. É durante esse período no deserto que dizem que a Arca foi construída.


O Êxodo descreve seu desenho com detalhes consideráveis, mas o que de fato a Arca fazia não é revelado até os três livros seguintes do Antigo Testamento (Levítico, Números e Deuteronômio), que relatam todos os quarenta anos que os israelitas ficaram no deserto. Deuteronômio descreve como, depois de a Arca ser feita no Monte Sinai e as duas tábuas de pedra gravadas com os Dez Mandamentos serem colocadas dentro dela, homens da tribo israelita de Levi (os Levitas) foram escolhidos para serem seus guardiões eclesiásticos. Levítico descreve a aparição de Deus em uma nuvem sobre a Arca, e Números descreve Deus falando por meio dela e a “nuvem do Senhor” pairando acima dela para proteger os israelitas quando era carregada pelo deserto.


É em Números que a Arca é descrita pela primeira vez sendo usada como uma arma sagrada para destruir os inimigos dos israelitas. Em Josué, o livro seguinte do Antigo Testamento, a Arca possibilita que os israelitas conquistem a Terra Prometida. Os acontecimentos cobrem o período logo após os quarenta anos no deserto quando os israelitas vão para o norte até chegarem a Canaã. De acordo com Josué, a Arca foi usada para, como um milagre, dividir as águas do Rio Jordão para que o exército dos 40.000 israelitas pudesse atravessá-lo e chegar a Canaã para começar sua conquista da região. Na época, muitas tribos ocuparam a área, que formava um tipo de terra de ninguém entre o império dos egípcios ao sul e o império dos hititas ao norte.


O livro de Josué se refere a essas tribos — como por exemplo os Amorreus, os Perizitas e os Jebuseus — ocupando fortes que chamam de cidades, embora a arqueologia mostre que essas cidades eram na verdade assentamentos fortificados de onde os ocupantes eram capazes de controlar pequenas áreas de terra fértil em uma região que, de outra forma, seria considerada inabitável. A primeira cidade a ser conquistada foi Jericó, a cerca de vinte quilômetros ao nordeste de Jerusalém. Ali a Arca foi usada com resultados devastadores para derrubar os muros impregnáveis de Jericó. Diversas vezes, a Arca é usada como uma arma para destruir exércitos inimigos, não apenas das tribos locais menores, mas também dos poderosos hititas que ocuparam o norte de Canaã.


Tendo sua origem a partir do que hoje conhecemos como a Turquia, os hititas eram a força militar mais sólida no mundo com exceção dos egípcios. A vitória final dos israelitas narrada no livro de Josué aconteceu em Hazor, no extremo norte do que hoje conhecemos como Israel, onde carruagens foram reduzidas a cinzas e os exércitos unificados de uma aliança de tribos foram totalmente aniquilados. Depois disso, a cidade de Hazor foi completamente destruída e reduzida a pedras.


poder era algo catastrófico. De acordo com Josué, Deus ordenou que os israelitas ficassem pelo menos a dois mil cúbitos longe dela quando estivesse sendo usada como uma arma. Nas medições modernas isso é equivalente a quase um quilômetros de distância — ou muito mais que oitocentos metros.


O livro seguinte do Antigo Testamento é o livro dos Juízes, que ganhou esse nome em homenagem a uma série de líderes israelitas que são referidos como juízes. Ele cobre um período de cerca de dez gerações, no qual as doze tribos de Israel levaram uma existência precária em Canaã, cercados por vários povos hostis. De acordo com o livro dos Juízes, durante esse tempo a Arca ficou guardada em um templo na cidade de Mizpeh, um território ocupado pela tribo de Judá no sul de Canaã. Há somente uma referência dela sendo usada durante esse período, mais uma vez como uma arma, mas agora em um conflito civil contra a tribo israelita de Benjamin.


A Arca é, depois, mencionada nos dois livros de Samuel, que ganharam esse nome do profeta Samuel, o porta-voz escolhido de Deus que une as tribos em disputa sob uma única monarquia.


O primeiro livro descreve como Deus falou com Samuel por meio da Arca — que estava guardada no templo em Shiloh, a cerca de trinta e dois quilômetros ao norte de Jerusalém — e o nomeou o profeta líder dos israelitas. Nessa época, o principal inimigo dos israelitas eram os filisteus, cujo reino da Filistéia vivia às margens do Mediterrâneo ao redor do que hoje conhecemos como Gaza. De acordo com Samuel 1, a Arca fracassou ao operar contra os filisteus porque Deus estava aparentemente insatisfeito com as brigas internas dos israelitas. A batalha foi perdida, e os filisteus tomaram posse da Arca e a levaram de volta para sua cidade capital Ashod. No entanto, quando ela foi colocada no templo de seu deus Dagon, o poder da Arca foi liberado, destruindo o templo e lançando sobre o povo da cidade uma praga de furúnculos que matou centenas de pessoas.


Ao ver o que a Arca era capaz de fazer, os filisteus decidiram tentar usá-la em seu favor como arma contra forças rebeldes em sua cidade de Ekton. Entretanto, embora a força poderosa da Arca tivesse sido liberada, estava fora de controle e matou não somente os rebeldes, mas também os filisteus. Aterrorizados pelo poder da Arca, o rei filisteu ordenou que ela fosse devolvida aos israelitas, e assim ela foi deixada em Beth Shemesh, uma cidade na terra ocupada pela tribo de Judá. Sem saber do perigo, alguns curiosos locais decidiram abri-la, causando a morte de mais de 50 mil pessoas. Um grupo de sacerdotes levitas então foi buscar a relíquia sagrada que foi levada para Kirjath Jearim, uma outra cidade no território da Judéia.


Ali ela foi mantida em segredo por vinte anos, na casa de um homem santo chamado Eleazar no topo da montanha, enquanto Samuel tentava unificar os israelitas. No final das contas, Samuel nomeou um guerreiro chamado Saul como o primeiro rei do Reino Unido de Israel, e a Arca foi tirada de seu esconderijo e levada para a cidade da Judéia de Gibeah. De acordo com Samuel 2, após a morte de Saul, Samuel proclamou o neto de Saul, Davi, rei em Hebrom no sul de Israel, ao passo que o filho de Saul, Eshbaal, se auto declarou rei na cidade de Mahanaim no norte do país. As duas forças rivais dos reis entraram em batalha na fronteira entre as duas cidades, em um lugar descrito como o tanque de Gibeom, e ali, o exército de Eshbaal foi totalmente derrotado.


Agora que Israel estava outra vez unido, em sua posição de rei incontestável, Davi foi capaz de dominar os filisteus. Não temos informações para saber se Davi usou ou não a Arca durante a guerra civil ou contra os filisteus, mas depois que os conflitos terminaram, uma celebração de vitória com danças e banquetes aconteceu diante dela. Durante as festividades, um homem chamado Uzzah, tentou firmar a arca quando ela caía, e morreu instantaneamente. Depois disso, por questão de segurança, Davi ordenou que a Arca fosse mantida na casa do sacerdote levita Obed-Edom, onde ficou por três meses. Uma última fortaleza ainda foi ocupada por forças estrangeiras, bem no meio do território de domínio israelita — a cidade dos Jebuseus de Jerusalém. Ela era, porém, bem protegida por muralhas muito imponentes.


Nessa ocasião, usar o poder da Arca não era uma opção, porque Davi queria dominar a cidade sem causar-lhe dano algum. Contudo, com grande sorte e discrição, os israelitas conseguiram conquistar a cidade, que Davi proclamou como a nova capital de Israel. A Arca foi levada para a cidade como demonstração de triunfo. No Monte Sião, mais tarde chamado de Monte do Templo, Davi ergueu um tabernáculo, ou tenda sagrada, para abrigar a Arca, e a terra foi consagrada. Ali, Deus falou com Davi e disse que ele deveria construir um templo permanente para a Arca, mas a tarefa acabou ficando para seu filho e sucessor Salomão executar.


Depois dos livros de Samuel, temos os dois livros dos Reis. São assim chamados porque tratam da sucessão dos reis hebreus do filho de Davi, Salomão, até sua eventual destruição pelos babilônios. O segundo livro dos Reis não menciona a Arca, mas Reis 1 descreve como Salomão construiu o Templo que tinha o único intuito de abrigá-la. Quando o Sagrado dos Sagrados do Templo foi colocado lá, Salomão ordenou que fosse aberta, e dentro encontrou as duas tábuas de pedra que traziam gravados os Dez Mandamentos. Uma nuvem miraculosa encheu o templo e algo descrito como “a glória do Senhor” — aparentemente o fogo divino — surgiu em cima da Arca.


Os demais livros do Antigo Testamento nos falam muito pouco a respeito da Arca, contando novamente o que já havia sido descrito. Como não há outras menções do artefato ter sido usado como arma ou para a comunicação com Deus, a inferência geral entre estudiosos bíblicos é de que seu poder foi perdido quando os israelitas desagradaram a Deus ao dividirem-se em dois reinos separados após a morte de Salomão: a tribo de Judá no sul e as outras tribos (que ainda chamavam seu reino de Israel) no norte. Tudo o que podemos de fato concluir a partir do Antigo Testamento é que, após a construção do Templo por Salomão, a Arca permaneceu intocada no Sagrado dos Sagrados por um período de tempo não especificado.


Enquanto a luz do dia se dissipava do lado de fora das janelas da Biblioteca Nacional, percebi que não tinha como saber se os antigos israelitas de fato haviam conquistado aquilo que o filme de Spielberg, Indiana Jones, chama de “um rádio para falar com Deus” ou se eles tinham criado algum tipo de arma futurista de destruição em massa. No entanto, eu podia ao menos tentar determinar a possibilidade histórica da chance mais provável — em outras palavras, que os antigos israelitas criaram um esplêndido baú dourado como um altar portátil para Deus, o Templo de Jerusalém foi construído para abrigá-lo, e com o passar dos anos, mitos e lendas surgiram com respeito ao seu poder professado. A primeira coisa que tinha que fazer era descobrir a precisão do Antigo Testamento como um texto histórico.


Se os relatos por ele apresentados acerca dos tempos dos israelitas não correspondessem com os fatos conhecidos da história ou com evidências arqueológicas, haveria então razões insuficientes para dar crédito demais à sua história da Arca sagrada. No século VI a.C, diversas culturas não hebraicas — babilônios, persas, gregos e romanos — registraram o que se passava na região conhecida antes como Canaã.


No entanto, antes desse tempo, quase não há menções a respeito dos israelitas feitas por estrangeiros, como os egípcios, ou os hititas, e praticamente todos os registros históricos dos próprios judeus foram destruídos pelos romanos após a Revolta dos Judeus em 66 d.C. Na verdade, o Antigo Testamento é a única história pré-romana dos antigos israelitas que sobreviveu. Embora seu objetivo seja o de explicar as origens dos israelitas, e traçar sua história por um período de mais de mil anos antes dos tempos romanos, a narrativa também está repleta de anotações religiosas que não são, em sua natureza, nada objetivas.


Não é preciso dizer que ela também apresenta inúmeros relatos de episódios miraculosos que dificilmente parecem ser dignos de credibilidade para as “mentes modernas”. Talvez a questão mais importante para citarmos dos livros do Tanak hebraico que constituem o Antigo Testamento seja: quando e por quem foram escritos? Como muitos deles receberam seus nomes em homenagem a figuras religiosas de líderes históricos, a impressão do leitor é a de que foram compilados por testemunhas oculares dos acontecimentos de muitos séculos.


Tradicionalmente, os primeiros cinco livros foram escritos pelo próprio Moisés e o restante por uma variedade de escribas e profetas hebreus. No entanto, embora muitos dos livros do Antigo Testamento se refiram a muitos séculos, a maioria dos estudiosos bíblicos hoje acredita que não foram escritos em sua forma atual até o século VI a.C. — meio milênio depois que dizem que a Arca foi colocada no Templo de Jerusalém.


Estudos comparativos de outras civilizações antigas sugerem que muitos episódios no Antigo Testamento não poderiam ter sido escritos durante o período em que os eventos aconteceram, porque o texto contém anacronismos. Por volta de 1970, por exemplo, o arqueólogo e acadêmico Donald Redford chamou nossa atenção para inúmeros termos e referências egípcios encontrados ao longo de todo o Antigo Testamento que não existiram até 650 a.C.


Há muitos deles, por exemplo, na história de Jacó e sua família se estabelecendo no Egito, que pode ter acontecido por volta dos anos de 1800 a 1700 a.C. De acordo com Gênesis 37:25, José e seus irmãos encontraram comerciantes, “que vinham de Gileade; e seus camelos traziam especiarias e bálsamo e mirra, e iam levá-los ao Egito.” Os egípcios desenharam todos os tipos de animais em sua arte, mas em nenhum momento mostram camelos sendo usados como meio de transporte até a metade do século VII a.C; em vez disso, mostram jumentos sendo utilizados para transportar mercadorias.


A referência literária mais antiga de camelos domesticados vem dos árabes por volta de 850 a.C, e somente dois séculos depois, os egípcios registram seu uso. Outros anacronismos existem. Dinheiro na forma de moedas aparece repetidas vezes, embora a forma mais antiga conhecida de cunhagem fora a usada pelos lídios, do que hoje conhecemos como Turquia, por volta de 650 a.C. Em termos lingüísticos também, muitos dos textos do Antigo Testamento mostram evidências de terem sido compostos muito depois dos acontecimentos que retratam. Na verdade, nenhum deles poderia ter sido escrito em sua forma atual até pelo menos no século XI a.C. por não existir a escrita hebraica antes desse período.


Diante de tantas evidências, a maioria dos historiadores de hoje consideram os livros do Antigo Testamento como tendo sido escritos em algum momento entre os anos de 650 e 500 a.C. por uma variedade de estudiosos judeus. Embora possam ter existido relatos mais antigos, escritos e orais, de onde esses textos foram transcritos, na forma que são apresentados hoje, não são considerados um registro historicamente exato dos primeiros israelitas.


Além do mais, da forma como foram escritos para fins religiosos, algumas pessoas chegaram a sugerir que os manuscritos do Tanak eram parábolas, e jamais tiveram a intenção de ser lidos como registros de acontecimentos reais. De fato, considerando os episódios miraculosos que o Antigo Testamento nos oferece, o cético pode ser perdoado por achar que toda a narrativa não é mais histórica do que as mitologias da Grécia ou de Roma antigas.


Milagres à parte, até mesmo os episódios puramente práticos e militares parecem muito pouco prováveis: dificilmente parece ser possível acreditarmos que uma aliança fraca de tribos hebraicas de nômades possa ter conquistado a terra de Canaã, como a Bíblia afirma. Surpreendentemente, porém, a arqueologia moderna nos mostra que uma série de grandes batalhas no relato do Antigo Testamento da conquista israelita de Canaã foram, na verdade, acontecimentos históricos. De acordo com a Bíblia, a conquista de Canaã começou com a queda de Jericó e seu domínio efetivado por Josué.


Embora a história da queda miraculosa dos muros da cidade possa ter sido um exagero de acontecimento, há evidências arqueológicas e científicas consideráveis de que Jericó foi destruída por invasores estrangeiros na época e muito provavelmente da forma como a Bíblia descreve. Em 1952, a arqueóloga inglesa Kathleen Kenyon escavou uma fortaleza da Era do Bronze em Tell-es-Sultan próximo ao Mar Morto, que acreditam ser o local da antiga Jericó.


Ela concluiu que, por volta de 1900 a.C, a cidade era um lugar cercado por muralhas e próspero, exatamente como a Bíblia descreve, até que foi destruída por um incêndio em torno de 1500 a.C. De maneira impressionantemente, os muros da cidade de fato pareciam ter sido derrubados por algum tipo de catástrofe desconhecida. Embora Kenyon tenha concluído que a causa foi provavelmente um terremoto, o acontecimento pode ter sido algo casual para os israelitas que inspirou uma lenda posterior do poder da Arca. Até muito pouco tempo, apenas alguns arqueólogos viam as descobertas de Kenyon como provas da destruição da cidade por Josué e os israelitas, como a narrativa do Antigo Testamento parece datar a invasão de Canaã ao menos dois séculos mais tarde do que ela imaginou a carnificina ter acontecido.


Entretanto, em 1996 testes com radiocarbono, no Centro para Pesquisas com Isótopos na Universidade de Groningen, na Holanda, determinaram uma data ainda mais avançada para a destruição da cidade. Seis amostras individuais de grãos antigos de cereais encontrados na camada queimada da escavação do forte foram testadas, oferecendo uma data central confiável de cerca de 1320 a.C, o que se encaixou bem dentro do período que a Bíblia parece contar a tomada da cidade por Josué.


Esse, porém, não é o único relato bíblico de uma batalha da campanha de Canaã dos israelitas sustentado pela arqueologia. De acordo com o Antigo Testamento, após a conquista de Jericó, seguiu-se uma série de batalhas nas quais, uma a uma, as cidades de Canaã foram dominadas pelos israelitas, pondo fim aos ataques da cidade de Hazor, durante os quais seus habitantes pagãos foram impiedosamente chacinados pelas tropas de Josué:


E a todos os que nela estavam, feriram ao fio da espada, e totalmente os destruíram; nada restou do que tinha fôlego, e a Hazor queimou a fogo. (Jo 11:11) Esse estágio final da conquista de Canaã de Josué, como está descrita na Bíblia, não foi apenas verificado, mas também confirmado na década de 1.950. Iniciado em 1955, o arqueólogo israelense Yigael Yadin começou a escavar o local da antiga Hazor, atual Tell-el-Qedah, a cerca de quinze quilômetros ao norte do Mar da Galiléia. Ali Yadin descobriu os restos de um enorme palácio fortificado que fora destruído por um incêndio em algum momento próximo ao ano de 1300 a.C. O cálculo da data foi possível ser estimado por meio de pedaços quebrados de objetos de cerâmica messênia (Grécia antiga) encontrados sob o nível de destruição.


Essas cerâmicas eram populares em todo o Oriente Próximo durante o século XIII a.C, mas deixaram de ser importados para Canaã no século XII. A destruição da cidade, quase que certamente, fora obra de um inimigo, e não um mero acidente, porque estátuas e decorações usadas em templos tinham sido desfiguradas de forma deliberada. Assim como a camada logo acima dessa mostrava uma combinação dos restos de lareiras, alicerces de barracos e pisos de cabanas com uma característica de cerâmicas usadas em desertos, arqueólogos concluíram que a cidade foi ocupada por habitantes que residiam em barracas — um povo classificado como nômade — após sua destruição. Parte da área foi novamente reconstruída como uma cidade forte no século X a.C, e artefatos distintivos, como colares de contas, mostram que esse era o trabalho dos israelitas.


Yadin estava satisfeito por suas descobertas em Hazor confirmarem a descrição bíblica da conquista de Josué de várias maneiras. Os conquistadores arrasaram a cidade exatamente como a Bíblia conta, tentaram destruir as práticas rituais dos cananeus como sabemos que Deus incumbiu os israelitas de fazer, e eram um povo nômade assim como os israelitas tinham sido. O Dr. Yadin tinha certeza de que os israelitas ocupavam a região desde O período do incêndio, mas não tiveram o poder e a motivação para reconstruir a cidade até a criação do reino unificado após o tempo de Davi. Fica claro então, com base em evidências arqueológicas, que os israelitas de fato conquistaram Canaã da mesma forma que a Bíblia relata, em algum tempo durante o final do século XIV ou início do século XIII a.C.


Mas, e quanto ao período que disseram que as tribos dos hebreus foram unidas formando o reino de Israel sob a liderança de Davi, por volta de 995 a.C? Por existirem tão poucos textos históricos conhecidos de povos não hebreus que mencionam o reino de Israel nessa época, e por não haver referências contemporâneas ao Rei Davi, muitos estudiosos duvidam da existência de ambos. Talvez Davi e o reino unificado de Israel tenham sido apenas lendas de uma era de ouro imaginária que os israelitas jamais chegaram a viver. David Deissmann, porém, garantiu-me que podia mostrar provas físicas capazes de assegurar que as campanhas do Rei Davi de fato aconteceram.


A partir de minha própria pesquisa acerca da história da Arca, descobri que quando Saul morreu, seu filho Eshbaal tornou-se o rei na capital de Mahanaim no norte de Israel. Entretanto, a poderosa tribo de Judá ungiu Davi o rei na cidade de Hebrom no sul do país. O exército de Davi, liderado por seu comandante Joabe, marchou para o norte e se deparou com as forças de Eshbaal, lideradas por seu comandante Abner, na fronteira das duas capitais.


O local onde os dois exércitos se encontraram é descrito como o tanque de Gibeom. Os dois líderes, a princípio, aceitaram fazer uma reunião e, junto com seus oficiais, encontraram-se “perto do tanque de Gibeom; e pararam estes deste lado do tanque, e os outros do outro lado do tanque” (2 Sm 2:13). No entanto, a conferência terminou em desentendimento e uma batalha seguiu-se: “E seguiu-se naquele dia uma crua peleja; porém Abner e os homens de Israel foram feridos diante dos servos de Deus” (2 Sm 2:17).


Embora a guerra tenha continuado por algum tempo, a morte de Abner e a derrota de seu exército, no fim das contas, resultou na queda da dinastia de Saul, e Eshbaal foi assassinado por dois de seus oficiais. Com a morte de Eshbaal, Davi foi aceito como rei de toda a Israel. Consequentemente, o tanque de Gibeom é o local onde dizem que o destino de Israel foi decidido. Se o relato for verdadeiro, o tanque é um dos lugares militares mais importantes no Oriente Médio bíblico.


Com base na descrição do livro 2 de Samuel, o tanque de Gibeom estava situado onde o vilarejo árabe de el-Jib hoje existente, a aproximadamente doze quilômetros ao norte de Jerusalém. No entanto, por muitos anos, historiadores duvidaram da história por não haver provas de que o lugar tivesse de fato sido chamado de Gibeom; por sua vez, os arqueólogos duvidavam do relato porque pesquisas geológicas indicavam que não poderia ter existido um lago ou tanque na área, de tamanho suficiente para ser notado como um ponto de referência proeminente.


Foi assim até o ano de 1950, quando o local foi escavado pelo arqueólogo americano James Pritchard. Ele impressionou todos os críticos quando descobriu o que podia muito bem ter sido descrito como um tanque — uma enorme fossa de água com pedras enterradas, medindo cerca de doze metros de diâmetro e onze metros de profundidade. Era, na verdade, parte de um sistema elaborado para fornecer água a um vinhedo próximo. Ela tinha uma escadaria espiral de pedras que levava ao fundo, onde um túnel ainda descia por mais quinze metros, chegando a um reservatório natural que ficava trinta metros abaixo da superfície. Além disso, testes de radiocarbono realizados depois em depósitos orgânicos encontrados durante as escavações das adegas adjacentes dataram o local como do início do ano 1000 a.C, o tempo do Rei Davi.


Aquela fundação que podia ser descrita como um tanque — e datada do mesmo período com precisão — encontrada no local, convenceu alguns estudiosos bíblicos da historicidade do relato do Antigo Testamento. No entanto, céticos ainda duvidavam de que a descoberta era digna de crédito para a história, por não haver evidências de que o local fora um dia chamado de Gibeom.

No dia seguinte de minha visita à Biblioteca Nacional, David Deissmann me levou ao Museu Nacional de Israel, que também está localizado no Vale da Cruz. Ali, ele me mostrou o que parecia ser uma peça de cerâmica sem importância guardada em um armário de vidro, exposta junto a outros artefatos de cerâmica de aspecto pouco impressionante. Ele explicou que o item havia sido encontrado durante uma escavação posterior na área da fossa e que ela revelava o nome antigo do lugar.


Era um simples jarro de argila com um cabo, no qual podíamos ler as palavras hebraicas “Vinhedo de Gibeom.” “Para um arqueólogo, encontrar o nome de um lugar antigo no próprio lugar, é algo bom demais para ser verdade,” David explicou. “A princípio, o arqueólogo que a achou, foi acusado de falsidade. Mais tarde, porém, nada menos que cinqüenta e seis desses jarros, gravados com as mesmas palavras, foram escavados. O tanque de Gibeom fora enterrado há séculos antes do texto de Samuel ser escrito, portanto ele deve ter sido composto com base em um relato muito mais antigo. Fortes evidências, na minha opinião, de que a batalha foi um acontecimento histórico, e não apenas algo lendário.” David tinha ainda uma outra prova para sustentar a historicidade do relato do Antigo Testamento da campanha do Rei Davi.


Saímos do museu e pegamos um táxi que nos levou de volta a Jerusalém, onde David me conduziu até o Vale Kidron — ao pé da Montanha Ophel, na ala sudoeste da Cidade Velha.

Ali, na escarpa empoeirada, havia um pequenino santuário de pedras onde turistas ansiosos formavam uma fila. A estrutura era a entrada de uma caverna que continha um tanque subterrâneo, conhecido pelos judeus como a Fonte de Gihon, e pelos cristãos como a Fonte da Virgem porque uma antiga lenda cristã dizia que a Virgem Maria lavava as roupas do menino Jesus naquele lugar. Enquanto esperávamos nossa vez para entrar, David me contou a história do Antigo Testamento da tomada de Jerusalém do Rei Davi.


De acordo com o relato que aparece tanto no livro 2 de Samuel quanto no livro 1 das Crônicas, quando Davi tornou-se rei, a fortaleza dos Jebuseus de Jerusalém ainda existia, bem no meio do território controlado pelos israelitas. Como disse antes, Davi estava determinado a conquistá-la e torná-la a capital de Israel porque se tratava de um forte fácil de ser defendido e uma cidade próspera. De acordo com o relato, Davi descobriu um método secreto de entrar na cidade murada — por meio de uma fossa de água ou um canal subterrâneo que os Jebuseus tinham cavado de dentro de sua cidade até uma fonte do lado de fora das muralhas de defesa. Davi ofereceu uma grande recompensa para quaisquer homens que conseguissem subir por essa fossa e conduzir um ataque contra os defensores Jebuseus pelo lado de dentro.


Foi assim que, de acordo com o livro 2 de Samuel 5:6-8, a cidade foi dominada. “Esse é um outro episódio na história bíblica do estabelecimento do reino de Israel que era antes considerado irreal,” disse David. Assim que entramos no santuário, passamos por uma passagem estreita em uma pedra que nos levava até uma fonte de água limpa. David apontou para uma fenda na cobertura da pequena caverna, ao redor da qual estalactites de algas verdes penduravam-se como decorações natalinas. Ele explicou que em 1876, o engenheiro inglês Charles Warren visitou a fonte e observou o buraco que levava a um lugar escuro.


Como era um espaço grande o suficiente para que um homem pudesse escalar, decidiu investigar. Voltou no dia seguinte com seus instrumentos de escalada e subiu pela fenda. Demorou muito tempo para que conseguisse subir e passar pela base de uma fossa de doze metros vertical, em lugares muito estreitos onde mal conseguia se esticar, que no final abria-se levando a uma passagem inclinada que ainda se erguia por mais trinta metros.


Finalmente, conseguiu passar por uma fenda estreita que o fez voltar à luz do dia ao fundo de uma fossa de cinco metros apoiada por uma linha de tijolos, coberta por vegetação e esquecida, na metade da montanha acima da fonte. Imediatamente, sua descoberta causou uma sensação entre estudiosos bíblicos da atualidade. Seria esse o canal que as tropas de Davi usaram para dominar a cidade?


Existiam poucas dúvidas de que alguns habitantes da antiguidade tivessem se esforçado com tanta consideração para cavar um espaço através de uma rocha sólida para ligar uma fossa às águas da fonte no fundo da montanha. No entanto, havia uma falha séria nessa teoria, da maneira como era apresentada. As paredes da antiga Jerusalém erguiam-se a mais de trinta metros acima do topo da colina. A fossa teria sido inútil para o Rei Davi, ao que parecia, porque não teria como fazer com que seus homens entrassem na cidade.


Conclusão das escavações na Montanha Ophel em 2012.


No entanto, em 1961 a arqueóloga inglesa Kathleen Kenyon foi a primeira a escavar, de maneira adequada, as ruínas dos muros no cume da montanha. Para sua surpresa, descobriu que datavam somente do período próximo ao ano de 600 a.C. e foram, provavelmente, construídos com o intuito de defender a cidade contra os babilônios. Determinada a descobrir o curso das muralhas originais, Kenyon escavou em vários lugares ao longo da montanha Ophel. A princípio, descobriu as fundações de um muro com cerca de vinte metros abaixo da escarpa que fora construído por volta de 850 a.C, possivelmente para defender a cidade contra os sírios. Por fim, a trinta metros além da montanha, ela escavou as fundações de um muro espesso que era datado do século XI a.C. Ela concluiu que havia descoberto o curso do muro ocidental da cidade dos Jebuseus. Por incrível que pareça, ele ficava vinte metros abaixo da entrada da fossa, mas acima da Fonte Gihon.


Isso fez com que ela escavasse a fossa de tijolos que levava à passagem do canal. Ele era, Kenyon descobriu, da mesma época do muro da cidade dos Jebuseus. “A fossa existiu exatamente como o relato de Samuel descreve. O fato de que ela não levava as pessoas para dentro dos muros da cidade depois do século IX, quando as novas paredes foram erguidas, significa que a história deve ter se passado na mesma época, ou próximo dela.


Evidências bastante convincentes de que a história é verdadeira,” David concluiu. Eu estava satisfeito por saber que não havia razões sérias que me fizessem duvidar de que a conquista israelita de Canaã e o estabelecimento do reino de Israel pelo Rei Davi ocorreram basicamente como o Antigo Testamento descreveu. Entretanto, seria a Arca da Aliança um fato de igual teor histórico?


Independentemente de ela conter e/ou possuir poderes miraculosos, teriam os antigos israelitas de fato construído um artefato de ouro tão esplêndido que acreditavam conter o poder de Deus? Infelizmente, não havia evidências históricas e arqueológicas da mesma época da conquista israelita de Canaã capaz de nos fazer compreender o enigma de alguma forma. Precisei buscar respostas em um passado remoto — no tempo quando imaginamos que a Arca foi construída. Havia qualquer evidência histórica do tempo em que diziam que Moisés viveu para provar que a Arca foi um artefato histórico?


Continua …



 

TODOS OS CRÉDITOS PARA: https://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-2/

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