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Por Vivi Werneck 09/12/2020 às 08:00
Cyberpunk 2077 é um dos jogos mais esperados dos últimos anos e, após alguns atrasos no lançamento, finalmente o RPG de ação em mundo aberto da CD Projekt Red (da franquia The Witcher) está entre nós. O game oferece várias escolhas com consequências na história e também traz uma grande quantidade de atividades e lugares para explorar na rica e sempre ativa cidade de Night City. Não tenha pressa, há muito o que fazer.
O game chega em 10 de dezembro de 2020 para PC (Windows), PS4, PS5, Google Stadia, Xbox One e Xbox Series X/S. Tanto a versão para PS4 quanto a de Xbox One funcionará também no PS5 e Xbox Series X/S, respectivamente, no lançamento. Mesmo assim, a CD Projekt Red afirma que um upgrade gratuito estará disponível em 2021 (ainda sem data definida) para aproveitar ao máximo os hardwares dos novos consoles.
Cyberpunk 2077 também traz a opção de áudio, legendas e interface em português do Brasil. Os recursos de acessibilidade poderiam ser mais vastos, mas existem: há um modo para daltonismo, por exemplo.
Para este review, o jogo foi testado num PC equipado com uma GeForce RTX 3070. O monitor 2K foi configurado a 150 Hz.
Não há spoilers neste review!
Análise de Cyberpunk 2077 em vídeo
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Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog para produzir este conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. O Cyberpunk 2077 foi fornecido pela CD Projekt Red por doação em versão para PC. A GeForce RTX 3070 foi fornecida pela Nvidia por empréstimo por tempo indeterminado.
Bem-vindo à Night City: cidade da beleza e do caos
Night City é a cidade fictícia onde o jogador irá controlar o(a) mercenário(a) “V” que, inclusive, pode ser amplamente customizável (falaremos sobre isso mais adiante). A cidade do jogo é uma megalópole futurista, onde a maioria dos seus habitantes são obcecados por tecnologia e mudanças corporais movidas a implantes cibernéticos.
E, como estamos falando de uma grande cidade que, possivelmente, riria da cara de Nova York em termos populacionais e de poluição visual e sonora, Night City é ao mesmo tempo cheia de oportunidades de fama e riqueza quanto é de desgraça e perigo. A escolha de que rumo tomar estará sempre em suas mãos.
Neste lugar, os extremamente pobres vivem quase lado a lado dos extremamente ricos. Glamour, violência, alta tecnologia e uso e abuso de modificações corporais não passam apenas de mais um dia na vida da população. A cidade, regida por megacorporações, também é dividida entre facções criminosas e gangues de psicopatas.
O mapa de Night City é formado por seis distritos, cada um com sua própria atmosfera, estilo visual, oportunidades e perigos. As Terras Baldias são o sétimo distrito, uma área desértica além dos muros da cidade. A região é habitada por nômades e todo tipo de traficante.
A temática da história de Cyberpunk 2077 foi desenvolvida de uma forma a provocar diversas reações morais no jogador. Assuntos polêmicos (e até bem pesados) serão jogados na sua cara, de forma nua e crua, e você terá que lidar com isso e viver com as consequências das suas escolhas – ao menos no ambiente do game.
Dito isso, não é à toa que o jogo é voltado para o público adulto. Quase todas as narrativas, ao menos as que tive contato até o momento de produzir este review, continham conteúdo maduro, complexo e por vezes causaram revolta. Mas a intenção dos desenvolvedores é exatamente esta.
Andar ou usar algum veículo para explorar Night City é uma grande oportunidade de encontrar muitas atividades extras (mais sobre isso adiante) e esbarrar com indivíduos das mais diferentes e exóticas personalidades (e aparências também). Espero, sinceramente, que não tenha ouvidos sensíveis, pois a base do diálogo da maioria das pessoas é construída com palavrões e obscenidades em geral. E esse é o alívio cômico na maioria das vezes.
Uma dica: realmente reserve um tempo para conhecer Night City a pé e converse com algumas pessoas, se tiver esta oportunidade. Quem sabe você não consegue um serviço extra com elas? Lembre-se que você precisa de dinheiro para seus implantes, veículos e roupas da moda.
Johnny Silverhand (a.k.a. Keanu Reeves)
Não dá para falar de Night City sem mencionar Johnny Silverhand, interpretado pelo garoto propaganda de Cyberpunk 2077, Keanu Reeves. Essa figura rebelde também é o icônico vocalista e líder da banda de rock “Samurai”.
Mas vou parar por aqui. Prefiro deixar que você descubra mais sobre ele por conta própria. No entanto, vou me reservar a dizer apenas que ele estará relativamente presente na vida de V em sua busca por respostas, mesmo tendo sua própria agenda. Em um certo momento, você poderá inclusive jogar com o personagem por um tempo.
V: origem, customização e habilidades
V é um mercenário que cansou de apenas fazer pequenos serviços pela cidade e resolveu investir alto no que seria “o trabalho da vida”, mas como a tarefa está longe de ser a mais fácil, o protagonista terá que se preparar muito e é aí que entra a primeira etapa da essência RPG de Cyberpunk 2077: a construção da ficha do personagem e customização.
Suas origens podem te ajudar
No momento que estiver construindo o estilo do seu personagem você terá a oportunidade de escolher uma origem para o mesmo. Além de definir como o jogo irá começar para você, seu background também pode te trazer algumas vantagens, em determinados momentos. Além disso, sua origem ficará evidente em várias situações e opções de diálogos.
Há três origens para escolher:
Nômade: você começará sua história nas estradas das Terras Baldias e a vida de saquear sucatas e invadir depósitos de combustíveis não é nada fácil, mas crescer sua reputação entre os nômades tem suas vantagens;
Marginal: você foi criado nas ruas de Night City e entende bem como viver na cidade. Ser um marginal te faz conhecer melhor os canais de informação, gangues, traficantes, bonecas e etc. Lembre-se que eles também sabem bem quem você é;
Corporativo: você faz parte da mais alta cúpula do poder em Night City, as grandes corporações, o inimigo em comum de todas as facções da cidade. Não existe jogo limpo no mundo corporativo, só uma grande possibilidade de ganhar vantagem sobre valiosos segredos empresariais.
Personalize seu (ou sua) V
Estamos num RPG sem um protagonista fixo (como Geralt de Rivia), ou seja, temos a liberdade de customizar nosso personagem fisicamente à nossa maneira. Inclusive, quando a CD Projekt Red mencionou que Cyberpunk 2077 permitiria as escolhas mais íntimas para seu personagem, eles não estavam brincando.
Perícias e habilidades à disposição
Dentro do menu de Personagem você encontra seus atributos e pontos investidos nos mesmos. Há cinco opções disponíveis: Corpo, Reflexos, Habilidade Técnica, Inteligência e Moral.
Cada um desses atributos se subdividem em duas ou mais árvores de habilidades: cada uma com várias perícias diferentes, também para investir pontos. Dessa forma, você tem um leque de opções incríveis de personalização de formas de combates e interação diferentes com o mundo a volta.
Há oportunidades para explorar várias builds distintas de personagem. Particularmente, optei por criar uma V mais voltada para Habilidade Técnica e Inteligência (com umas pitadas de Reflexos). Como sempre gostei muito de Deus Ex, meio que tentei criar minha própria “Adam Jensen” em Cyberpunk 2077. Inclusive, essa vibe Deus Ex é latente no jogo, só que numa versão mais aperfeiçoada.
Implantes cibernéticos
Os implantes cibernéticos darão um boost incrível em seus sentidos e no combate, além de serem complementares a build que está montando para seu personagem. Com isso, é interessante analisar quais implantes instalar para que eles extraiam o melhor das habilidades que você está investindo na sua skill tree.
É possível comprar e aplicar estes implantes em medicânicos (isso mesmo: meio médico, meio mecânico) espalhados pela cidade. Além de dinheiro, você precisará aumentar a sua reputação em uma determinada região para conseguir os melhores produtos. É possível aprimorar algumas partes do corpo, como: olhos, órgãos internos, sistema circulatório e nervoso, mãos, braços, pernas e etc.
Os implantes funcionam como substitutos sintéticos ou mecânicos de partes do corpo, conferindo ao portador habilidades super humanas. E não é possível comprar implantes para suas partes íntimas, ao menos esta opção não está disponível para você.
Gameplay: hora de queimar a cidade
Cyberpunk 2077 é jogado em primeira pessoa, ao contrário da franquia The Witcher. O game flui muito bem nessa perspectiva, inclusive. Não precisa sofrer por não ver o seu personagem, pois você terá várias chances de olhar o corpinho de V (com ou sem roupa) ao longo da gameplay.
Logo no início do jogo, você terá a oportunidade de praticar técnicas básicas de ataque corpo a corpo, tiro, hacking, furtividade e combate avançado. Por mais que isso acabe “entrando no sangue” com o passar do tempo, esse tutorial inicial ajuda bastante.
Os controles, no geral, são bem familiares se já tiver o costume de jogar títulos de ação/aventura. Tirando algumas adaptações pontuais para este game, acredito que a maioria dos jogadores não encontrará dificuldades em aprender a jogar, sendo em controles de consoles ou no teclado e mouse.
Sobre suas interações com os NPCs, os personagens que você passa mais tempo e, consequentemente, interage mais (dentro e fora de trabalhos) ajudarão a moldar a sua história e atmosfera dentro do jogo. Suas escolhas importam muito.
Curiosidade: ao andar por Night City, a primeira coisa que muitos podem pensar é “vou pegar um carro e dar uma volta por aí”. Pois bem, você aprenderá rápido que precisará ter boas habilidades hackers para invadir a segurança anti-roubo de certos veículos ou mesmo ser forte o suficiente para abri-los na marra. Não é mais tão fácil como em GTA, onde todas as portas estão quase sempre destrancadas.
Missões (trabalhos e serviços)
As missões, ou melhor, os trabalhos principais e serviços secundários podem ser acessados no seu diário e são divididos por níveis de dificuldade. Não que haja algum impedimento de encarar um serviço mais hardcore para o seu nível, você só vai sofrer mais.
É claro que se o mapa não fosse entupido de atividades extras não seria um jogo de RPG. E a quantidade de coisas para fazer, além dos serviços do seu diário, é insana. Por isso o conselho, dado no início deste review, é: jogue com calma. Você vai passar um bom tempo explorando o que Night City tem a oferecer.
As missões principais, ou os trabalhos principais, são bem construídos, tanto em gameplay quanto em narrativa e você se verá imerso numa teia de conspiração por poder em Night City com algumas reviravoltas. Por vezes, para completar essas missões, será necessário entrar em contato com seus canais, ou seja, gangues para as quais você já realizou algum serviço.
Inclusive, cada gangue da cidade tem sua própria identidade, forma de agir, território e leis. Portanto, é muito bem vindo conhecer bastante isso antes de negociar com eles ou entrar em confronto com alguma dessas facções.
Às vezes, para resolver uma missão, você não necessariamente precisa seguir exatamente o caminho que o jogo te indica. Dependendo dos canais e parcerias que formar, é possível conseguir informações extras e até atalhos para resolver uma questão “por conta própria”.
Suas ferramentas de destruição
Além de usar seus próprios punhos (com ou sem implantes) para lutar, V pode contar com uma boa variedade de armas de fogo, smart, tecnológicas e brancas à disposição. Caso não queira espalhar tanto o sangue dos inimigos pelo cenário, use armas de atordoamento ou mesmo abordagens não letais.
Também será possível forjar armas, vestuário e outros itens – dado que tenha as matérias-primas necessárias: você pode encontrá-las pelo mundo ou desmanchando itens que não queira mais.
Quanto mais rara for sua arma, mais espaços para instalar upgrades estarão disponíveis e mais poderosa ela será. Você também pode aumentar, por conta própria, a raridade de armas e acessórios com materiais específicos. Lembrando que até para fazer upgrades ou forjar armas mais poderosas vai requerer que tenha investido pontos em habilidades de criação.
Quanto mais você progredir no jogo, mais armas, armaduras e acessórios diferentes serão passíveis de serem encontrados, roubados ou comprados pelo mundo.
Neurodança
Outro recurso de gameplay é a neurodança, uma espécie de realidade virtual sensitiva, que pode ser usada tanto para o entretenimento em Night City quanto em investigações. No caso de V, a neurodança ajudará em algumas situações, como: descobrir pistas, rastrear alvos, revelar segredos e etc.
Basicamente é como se você pudesse recortar um momento específico de um acontecimento de interesse (capturado por câmeras) e examinar suas partes, analisando o som, emissão de calor e objetos na cena.
Para isso, você conta com uma pista de edição e poderá, avançar, retroceder, pausar e reiniciar essa “filmagem” para conseguir as informações que precisa. Leva um tempinho para pegar o jeito, mas depois você terá na neurodança uma grande aliada na preparação para trabalhos de infiltração e busca, por exemplo.
Gráficos: versatilidade de configuração
Se estiver jogando no PC e sua placa de vídeo permitir, existem opções gráficas de configuração, inclusive a nível Psicopata. O nome do modo, acima do Ultra, é esse mesmo: Psicopata. Há várias opções de customização (ao menos nesta versão, testada no PC) e isso dá muita versatilidade para adaptar a melhor experiência de jogo possível ao seu set up.
Já que a RTX 3070 permitia, inicialmente joguei todas as configurações no máximo possível e fui ajustando alguns pontos ao longo da gameplay, algumas por uma questão pessoal mesmo. Por exemplo, não gosto de usar o recurso de “Motion Blur”, então desativo de cara.
Na maior parte do tempo, mantive as seleções em alta, com ray tracing ativado e DLSS funcionando em modo balanceado, que mantém um equilíbrio entre desempenho e qualidade gráfica.
Em se tratando de uma versão do jogo em pré-lançamento, ou seja, ainda sem o patch do Day One (que promete ajudar, especialmente, na parte de estabilidade gráfica), notei engasgos em algumas transições e em cenas mais rápidas. Isso, especialmente, quando coloquei o game para rodar em Ultra, ou mesmo na Psicopata.
Tanto a Nvidia quanto a CD Projekt Red liberaram atualizações, durante o período de review, que melhoraram alguns desses aspectos e permitiram que eu voltasse a jogar em configurações mais altas. A atualização da desenvolvedora corrigiu também alguns dos vários bugs encontrados ao longo da gameplay, como armas flutuando, NPCs se fundindo aos outros e a objetos, ou personagens falando sem mexer a boca, por exemplo.
Espero que o patch de lançamento corrija ainda mais bugs e otimize melhor estes carregamentos, pois o jogo é realmente lindo e se você tiver uma máquina para desfrutá-lo da melhor maneira possível seria uma pena não poder jogar liso e com tudo no máximo.
Visual e áudio
O universo audiovisual de Cyberpunk 2077 é riquíssimo e perfaz o que seria a sensação de estar numa megalópole futurista, com poluição visual (devido ao excesso de anúncios) por todos os lados, estímulos sonoros dos mais variados e um claro choque de realidade entre os muito ricos e os extremamente pobres.
Todos estes elementos opostos são obrigados a coexistir na mesma atmosfera, por vezes, opressora com seus arranha-céus, veículos e construções para todos os lados. A estética de cada distrito também é algo a se ressaltar. Pelo estilo visual fica claro quando você muda de uma localidade para a outra, seja pelo refinamento da arquitetura ou por uma região que parece um pós guerra-civil.
O game traz um modo fotografia que proporciona ótimas maneiras de aproveitar este cenário “caótico/deslumbrante” com poses, filtros, molduras, edição de plano de fundo e etc. Vale a pena explorar o recurso.
Os trabalhos de localização de conteúdo e dublagem em português do Brasil não se resumem apenas aos personagens. Eles se estendem a quase tudo o que é falado por Night City (e isso inclui até mesmo os inúmeros anúncios publicitários). De piadas a memes conhecidos por nós, você dará risadas com alguns diálogos.
Da única vez que mudei o idioma para o inglês foi para ouvir a voz do Keanu Reeves como Johnny Silverhand e só. No mais, a dublagem me agradou bastante – inclusive ao adaptar
sotaques.
Conclusão
Cyberpunk 2077 é um dos jogos mais aguardados há anos e possivelmente o maior hype de 2020. E a CD Projekt Red não decepcionou: o jogo é denso, entupido de atividades para fazer, traz um ótimo equilíbrio entre narrativas que se complementam e se baseiam nas escolhas do jogador e bastante ação. A versatilidade para customizar a gameplay também merece destaque, o que pode tornar cada V único.
A riqueza de detalhes das locações é incrível e reflete bastante as mudanças sociais e econômicas de cada região, sem perder a identidade futurista do jogo – mesmo em partes mais carentes. Andar pelas ruas de Night City ou mesmo nas desoladas Terras Baldias é correr o risco bem-vindo de encontrar as mais diversas figuras, com modificações corporais exóticas e quase sempre com algo (às vezes não muito educado) a dizer.
Durante o período de testes encontrei, como mencionei aqui, alguns problemas de performance e bugs, mas isso não chegou a me impedir de prosseguir em nenhuma missão e acredito que o patch de lançamento deva melhorar essas questões (tomara!). No mais, Cyberpunk 2077 irá consumir boas horas da sua vida e você nem sentirá o tempo passar, afinal, Night City é viciante (para o bem e para o mal).
E-mail: oincorreto10@hotmail.com
TODOS OS CRÉDITOS PARA: https://tecnoblog.net/391189/cyberpunk-2077-review/
Obrigado!!!
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