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Posted by Thoth3126 on 06/05/2020
Postado em Politicamente Incorreto em 17/07/2020 por: Dom Pedro II
Na Fleet Street, uma das mais movimentadas ruas do centro de Londres, a dez minutos à pé da Trafalgar Square, existe um arco de pedra pelo qual muita gente pode passar e viajar no tempo. Um pátio interno tranquilo leva a uma capela estranha, circular, e a uma estátua de dois cavaleiros em cima de um único cavalo.
Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
A incrível história de como os cavaleiros templários ‘inventaram’ os bancos
Por Tim Harford – BBC Radio 4, Fonte: http://www.bbc.com/
A capela é a famosa Temple Church, construída pela Ordem dos Cavaleiros Templários no ano de 1185, quando ficou conhecida como a “casa londrina da Ordem dos Cavaleiros Templários“. Mas a Temple Church não tem apenas uma importância arquitetônica, histórica e religiosa. Ela também foi o primeiro banco de Londres.
Os cavaleiros templários eram monges guerreiros. Era uma ordem religiosa monástica, com uma hierarquia inspirada na teologia e uma missão declarada – além de um código de ética -, mas também um exército armado e dedicado à “guerra santa”.
Mas então como eles chegaram ao negócio dos bancos?
Os templários dedicaram-se inteiramente à defesa de peregrinos cristãos a caminho de Jerusalém. A cidade havia sido capturada na primeira Cruzada em 1099, e ondas de peregrinos começaram a chegar, viajando milhares de quilômetros pela Europa. Esses peregrinos precisavam, de alguma forma, bancar meses de comida, transporte e acomodação para todos eles, sem precisarem carregar grandes somas de dinheiro consigo – já que isso os tornaria alvo fácil para ladrões.
Afortunadamente, os Templários tinham uma solução. Um peregrino poderia deixar seu dinheiro na Temple Church em Londres, depois pegá-lo de volta em Jerusalém. Em vez de carregar o dinheiro até lá, ele só precisaria levar uma carta com o crédito. Os Cavaleiros Templários eram a atual Western Union (conhecida empresa que faz transferência de dinheiro entre países) no tempo das Cruzadas. Nós não sabemos direito como os Templários faziam esse sistema funcionar, nem como se protegiam contra fraudes. Haveria um código secreto para verificar o documento e a identidade do viajante?
Banco privado
Os Templários não foram a primeira organização no mundo a oferecer esse tipo de serviço. Diversos outros países haviam feito isso antes, como a dinastia Tang na China, que usava o “feiquan” – “dinheiro voador”, um documento de duas vias que permitia a comerciantes depositarem seus lucros em um escritório regional e depois pegarem o dinheiro de novo na capital.
Mas esse sistema era operado pelo governo. O sistema bancário oferecido pelos Templários funcionava muito mais como um banco privado aliado a reis e príncipes ao redor da Europa e gerenciado por uma parceria de monges guerreiros que tinham feito voto de pobreza.
E os Cavaleiros Templários fizeram muito mais do que apenas transferir dinheiro por longas distâncias. Em seu livro Money Changes Everything (“Dinheiro muda tudo”, em tradução livre), William Goetzmann diz que eles ofereciam uma série de serviços financeiros reconhecidamente avançados para a época.
Se você quisesse comprar uma ilha na costa oeste da França – como o rei Henrique 3º da Inglaterra fez nos anos 1200 com a ilha de Oleron, a noroeste de Bordeaux -, os Templários poderiam ajudar a fechar o negócio.
Henrique 3º pagou 200 libras por ano por cinco anos para os Templários em Londres, e quando seus homens tomaram posse da ilha, os Templários zelaram para que o vendedor tivesse recebido todo o dinheiro.
Ainda nos anos 1200, as Jóias da Coroa foram mantidas no Templo como uma forma de segurança para um empréstimo – com os Templários atuando como uma espécie de casa de penhor.
Os Cavaleiros Templários não foram o único banco da Europa para sempre, claro. A Ordem perdeu sua razão de existir depois que os cristãos europeus perderam completamente o controle de Jerusalém em 1244, e os Templários foram dissolvidos por completo em 1312.
Então quem assumiu essa função bancária que eles deixaram? Se você tivesse presenciado a grande feira de Lyon em 1555, poderia conhecer a resposta. Ela foi o maior mercado para comércio internacional de toda a Europa.
Troca sofisticada
Mas nessa edição da feira, começaram a circular rumores sobre a presença de um comerciante italiano que estava fazendo fortuna no local. Ele não estava comprando, nem vendendo nada. Tudo o que ele tinha à frente era uma mesa e um tinteiro.
Dia após dia, ele recebia comerciantes e assinava pedaços de papel – e, de certa forma, ficava rico. Os moradores locais olhavam para ele com suspeita. Mas para uma nova elite internacional das grandes casas de mercadoria da Europa, suas atividades eram perfeitamente legítimas.
Ele estava comprando e vendendo dívidas – e, ao fazer isso, estava gerando um considerável valor econômico. Um comerciante de Lyon que quisesse comprar, digamos, lã de Florença, poderia ir a esse banqueiro e pedir um tipo de empréstimo chamado de “conta de troca”. Era um documento de crédito, que não especificava a moeda de transação.
Seu valor era expressado em “ecu de marc”, uma moeda privada usada para essa rede internacional de banqueiros. E se os comerciantes de Lyon ou seus agentes viajassem a Florença, a “conta de troca” do banqueiro de Lyon seria aceita pelos banqueiros de Florença, que trocariam sem problemas o documento pela moeda local.
Por essa rede de banqueiros, um comerciante local podia não só trocar moedas, mas também “traduzir” seu valor de compra em Lyon para valor de compra em Florença, uma cidade onde ninguém havia ouvido falar sobre ele. Era um serviço valioso, que valia a pena.
De meses em meses, agentes dessa rede de banqueiros se encontravam em grandes feiras como a de Lyon, conferiam suas anotações e acertavam as contas entre si. Nosso sistema financeiro de hoje tem muito a ver com esse modelo. Um australiano com um cartão de crédito pode fazer compras em um supermercado de Lyon. O supermercado checa com um banco francês, que fala com um banco australiano, que aprova o pagamento ao comprovar que ele tem o dinheiro em conta.
Contrapontos
Mas essa rede de serviços bancários sempre teve também seu lado obscuro. Transformando obrigações pessoais em dívidas negociáveis internacionalmente, esses banqueiros medievais passaram a criar seu próprio dinheiro privado, fora do controle dos reis da Europa. Ricos e poderosos, eles não precisavam mais se submeter às moedas soberanas de seus países. O que de certa forma ainda é feito hoje em dia. Os bancos internacionais estão fechados em uma rede de obrigações mútuas difícil de entender ou controlar.
Eles podem usar seu alcance internacional para tentar contornar impostos e regulamentações. E considerando que as dívidas entre eles são um tipo claro de dinheiro privado, quando bancos estão fragilizados ou com problemas, o sistema monetário do mundo todo também fica vulnerável.
Nós ainda estamos tentando entender o que fazer com esses bancos. Nós não podemos viver sem eles, ao que parece, mas também não temos certeza de que queremos viver com eles. Governantes há muito tempo procuram formas de controlá-los.
Às vezes, essa abordagem tem sido no esquema “laissez-faire” (“deixai fazer”), outras vezes não. Poucos governantes tem sido mais duros com os bancos do que o rei Felipe 4º, da França. Ele devia dinheiro para os Templários, e eles se recusaram a perdoar seu débito.
Então, em 1307, no local onde hoje fica a estação Temple do metrô de Paris, Felipe lançou um ataque ao Templo de Paris – o primeiro de uma série de ataques ao redor da Europa contra a Ordem dos Cavaleiros Templários.
Os templários foram torturados e forçados a confessar “todos os pecados” que a Inquisição pudesse imaginar. A ordem acabou sendo dissolvida pelo papa. O Templo de Londres foi alugado para advogados.
E o último grande mestre dos Templários, Jacques de Molay, foi trazido ao centro de Paris e queimado publicamente em uma fogueira até a morte, não sem antes rogar uma praga contra o papa e o rei Filipe da França.
*Tim Harford escreve uma coluna de economia no Financial Times. “As 50 coisas que fizeram a Economia Moderna” é um programa transmitido no Serviço Mundial de rádio da BBC.
“De tanto ver triunfar nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto” – Ruy Barbosa
“Conhece-te a ti mesmo e conheceras todo o universo e os deuses, porque se o que tu procuras não encontrares primeiro dentro de ti mesmo, tu não encontrarás em lugar nenhum”. – Frase escrita no pórtico do Templo do Oráculo de Delphos, na antiga Grécia.
TODOS OS CRÉDITOS PARA: https://thoth3126.com.br/como-a-ordem-dos-cavaleiros-templarios-inventou-os-bancos/
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