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Aliados do Nazismo: Ford e as ideias antissemitas que inspiraram Hitler

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Postado e escrito em 08/01/2015 por Maria Luciana Rincón


Postado em Politicamente Incorreto em 16/07/2020 por: Dom Pedro II


Se você está acompanhando a série aqui do Mega Curioso sobre os Aliados do Nazismo, então deve ter lido a respeito da aliança de uma subsidiária Coca-Cola com o Terceiro Reich, do suposto envolvimento da IBM no desenvolvimento da Solução Final e sobre a formação da gigantesca corporação IG Farben e sua colaboração “química” com o mal. Pois hoje, dando continuidade ao tema, vamos contar para você sobre a relação entre Henry Ford e Adolf Hitler.


Ford T e Volkswagen


Henry Ford — o homem responsável por aperfeiçoar a produção em massa de automóveis e, portanto, revolucionar a forma como vivemos hoje — foi, sem dúvida alguma, um incrível gênio industrial, e Adolf Hitler era um fervoroso devoto do norte-americano.


Por um lado, o chanceler alemão se inspirou no Ford T — veículo de baixo custo voltado para as massas que fez do empresário um dos homens mais poderosos dos EUA — para desenvolver o Volkswagen, que era como o antigo fusquinha era chamado e cujo nome pode ser traduzido como “carro do povo”.


Nascimento do Volkswagen, o “carro do povo


Hitler desejava que a posse de veículos deixasse de ser uma exclusividade dos alemães endinheirados, e o carro inspirado no modelo da Ford chegou para permitir que a população menos abastada também pudesse comprar automóveis. Contudo, Henry Ford era antissemita assumido e até lançou um livro — chamado “O Judeu Internacional” e traduzido para vários idiomas — expondo suas teorias de que os judeus tinham um plano para dominar o mundo.


Ídolo e pupilo


Henry Ford era proprietário do jornal “The Dearborn Independent” e publicava com frequência artigos nos quais deixava bem clara a sua posição com respeito aos hebreus, e seu livro, basicamente, consiste em uma compilação de todas essas publicações.


Adolf Hitler, por sua vez, além de ver em Ford um exemplo de mente progressista, teve no industrial sua fonte de inspiração ideológica. Tanto que o chanceler alemão fez uma dedicatória pessoal ao norte-americano na primeira edição de seu livro “Mein Kampf” — ou “Minha Luta” —, e inclusive tinha um retrato do ídolo pendurado em uma das paredes de seu escritório em Munique.


Aliás, Ford é o único norte-americano mencionado no livro de Hitler, e, durante os julgamentos de Nuremberg, Baldur von Schirach — oficial nazista comandante da Juventude Hitlerista — disse que, para o chanceler alemão, os artigos de Ford haviam sido decisivos para o desenvolvimento de suas teorias antissemitas. O Führer teria dito que era um grande admirador do industrial e que faria o possível para pôr suas ideias em prática na Alemanha.


A Ford na Alemanha nazista

Com tamanha afinidade entre o Führer e o industrial, não é de se estranhar que a Ford tenha instalado várias plantas na Alemanha antes que a Segunda Guerra Mundial estourasse e que tenha criado unidades focadas na fabricação de veículos militares. Aliás, a companhia mais que dobrou de tamanho no país entre os anos de 1938 e 1945 — mesmo com os EUA lutando contra os nazistas desde 1941.


O mais impressionante é que, depois que os EUA declaram guerra à Alemanha e proibiram qualquer relação comercial com os nazistas, muitos empresários continuaram negociando com os inimigos durante o conflito — e com o aval do governo norte-americano, especialmente quando havia muito dinheiro envolvido nas transações. A Ford, por exemplo, forneceu sozinha cerca de um terço de todos os caminhões da frota nazista.


Imagem aérea da unidade da Ford Localizada em Colônia


Além disso, não é nenhum segredo que os administradores industriais e engenheiros nazistas adotaram e adaptaram diversas tecnologias e aspectos funcionais provenientes das fábricas de Ford. Quando o Fusca começou a ser produzido na Alemanha, a Frente Alemã para o Trabalho — organização criada em 1933 em substituição aos antigos sindicatos — contratou engenheiros da Ford para fazer parte do quadro de funcionários.


Condecoração pública


Ford foi o maior colaborador estrangeiro do Terceiro Reich e, em 1938, por ocasião de seu aniversário de 75 anos, foi condecorado com a “Cruz da Suprema Ordem da Águia Alemã”. A cerimônia ocorreu em Michigan, nos EUA, e essa medalha era a mais alta honraria que a Alemanha Nazista podia conceder a colaboradores estrangeiros — e representava toda a admiração pessoal que Adolf Hitler sentia pelo industrial.


Por certo, vale destacar que Ford lucrou muito com os dois lados da guerra, já que produziu veículos tanto para os nazistas como para os aliados durante a guerra — e existem muitos documentos e evidências que comprovam a existência de uma forte ligação entre a companhia e o Terceiro Reich.


Também é inegável que Adolf Hitler tinha total consciência do antissemitismo de Henry Ford e que se inspirou nas ideias do industrial para fortalecer as suas próprias convicções. O Führer inclusive costumava elogiar o norte-americano publicamente. No entanto, ao contrário dos nazistas julgados em Nuremberg, Ford nunca teve que responder por sua ligação com os inimigos — e, como estamos revelando nesta série matérias, ele está longe de ter sido o único.


 



 


“A verdade e a mentira são construções que decorrem da vida no rebanho e da linguagem que lhe corresponde. O homem do rebanho chama de verdade aquilo que o conserva no rebanho e chama de mentira aquilo que o ameaça ou exclui do rebanho. [...] Portanto, em primeiro lugar, a verdade é a verdade do rebanho.”

 

- Friedrich Wilhelm Nietzsche





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